27 de outubro de 2010

Vai um danoninho ai?



Ando pensando bastante sobre o ser escritor.

"Qual o problema em dizer: ´eu sou escritora!´?".

É o que me pergunto há alguns dias. Não vejo receio  nem frecsura em se assumir engenheiro, nem professor ou tradutor, nem escultor, nem juiz, nem promotor, nem cozinheiro ou eletricista, por exemplo. Também não vejo a aura de magia e misticismo que algumas pessoas enxergam ao redor do "ser escritor".

Pra mim é assim: trabalho braçal! Eu trabalho dura e arduamente com as palavras. Ah, e me divirto com elas também. Se um juiz ou tradutor não se diverte ao trabalhar, fazer o quê? Ossos do ofício! Nem sempre eu me divirto também, só 99% das vezes...

Além disso, o escritor ganha um danoninho por livro vendido. Ó que delícia! E ganha silêncios também! 

Sabe aquele silêncio garimpado?

Assim: você faz "xiiiiii" e o barulho permanece. Você grita: "cri-an-ças, silêncio, por favor!". Você às vezes até esquece do "por favor". Você inventa dinâmica pra eles prestarem atenção no que vai dizer...e? Nada do silêncio aparecer.

É então quando ser escritor vale a pena. Você pega um livro e sacode os versos na peneira. Voilà! A pepita do silêncio surge e os olhos brilham. Eles gostam de poesia, minha gente, eles gostam mais do que das palavras soltas! Eles gostam das grades da rima, do ritmo, do som, da brincadeira...

Puxa vida, eu sou escritora. E se eu fizer meu trabalho direitinho e alguém abrir e ler um livro meu, eu ainda sou garimpeira de silêncio e brilho no olho, pode?

Ahhh, parei com essa bobagem: sou escritora, sim! Vai encarar?

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